sábado, 1 de setembro de 2012

                                          Oito



Califórnia




Os bruxos na Califórnia eram menos tradicionais, o que obrigara Avalon e Leonard a trocarem quase todas as roupas que haviam trazido. Gabe Leon adaptara-se facilmente ao estilo de vida dos nativos da América. Pretendia fazer algum tipo de intercambio no ministério local durante seu treinamento para auror.
- Vocês vão ficar em casa, mesmo? – Avalon perguntou impaciente enquanto vestia uma camisa de uma banda trouxa que aprendera a gostar durante as semanas que passara na América.
- Sem chance, Tritão. – Respondeu Leonard, que estava ocupado escrevendo uma carta para casa. – Estou exausto. Nunca imaginei que uísque de fogo pudesse ser tão traumático.
- Eu também passo. Vá você. – Gritou Gabe, da cozinha.
- Vocês não agüentam nada. Vou mesmo.
E foi. O garoto estava gostando da liberdade de poder ir para onde quisesse. Aproveitaria ao máximo. Esta noite parou em um pub próximo a praia em Santa Bárbara. O lugar era freqüentado por trouxas e bruxos. Atraídos pelo Punk Rock. A música era um tipo de magia que não dependia do talento com a varinha e Avalon apreciava esta habilidade, independente se fosse vinda de um bruxo ou não.
Avalon provou diversas bebidas servidas no local. Dizia a si mesmo que estava viajando para experimentar as coisas da vida. Assim fingia que estava tudo certo. Não se aproximara de nenhuma garota esta noite. Não estava afim. Mas bebeu demais. Já era madrugada alta quando ele saiu do local.
A rua estava deserta quando ele colocou os pés para fora. Ainda estava anestesiado pelo álcool correndo em seu corpo. Não estava com frio, os lábios estavam dormentes e a visão um pouco turva. Tentou vestir a jaqueta, primeiro um braço, com dificuldade, passou pela manga. O braço seguinte resistia bravamente aos esforços do rapaz.
Ao longe um outro rapaz se aproximava, não era possível identifica-lo. Apenas uma camiseta branca. Avalon não deu atenção ao homem que se aproximava. Ele parecia emanar certa aura, como se uma luz tremeluzente o rodeasse.
Quando o homem se aproximou, Avalon cambaleou um pouco e tentou disfarçar sua briga com a jaqueta. O homem notou e foi segurar a manga para Avalon colocar o braço. O rapaz tinha feições orientais, exceto pelo queixo rígido.
- Ah, obrigado.
- Não por isso. – O homem divertia-se com o estado de Avalon. – Os bares por aqui te enfiam bebidas enquanto você puder pagar por elas. Mesmo que depois você não consiga vestir uma jaqueta.
- Verdade, mas vou ficar bem. Obrigado.
- Precisa de ajuda para chegar em casa?
- Não, deixe que eu me viro daqui. Até.
- Certo, tome cuidado. Adeus.
O homem foi-se embora e Avalon tentou encontrar o caminho de casa. A medida que caminhava sua face começava a se sensibilizar com o frio, era um pouco de sobriedade chegando. Chegou junto à sensação de que estava sendo seguido. Olhava para trás em intervalos regulares. Não via ninguém. Não ouvia passos.
- Homenum Revelio! – Disse sacando a varinha em um movimento muito rápido. Mesmo pra um bêbado.
Imediatamente um homem apareceu na sombra e por uma fração de segundo se assustou com a descoberta de Avalon. Ele desaparataria em seguida, mas Avalon foi mais rápido que seu reflexo.
- Não vai, não. – e com um movimento breve da varinha imobilizou o estranho.
Avalon aproximou-se lentamente do homem tentando reconhece-lo. – Quem é você?
- Fortescue. – O homem disse ofegante. - Sou agente do seu pai.
- Meu pai? Ele ainda manda vocês me seguirem? – Avalon sentiu-se como uma criança.
- Sim, senhor. – Respondeu o agente sem tentar se livrar do feitiço que o prendia - Ele disse que as ordens não mudaram só por você ter atingido a maioridade.
- Vamos resolver isso agora mesmo. – Avalon disse segurando o braço do homem. – Você vem comigo.
Um estalo acompanhou uma breve distorção do ar e os dois desaparataram.
O hotel não ouviria o estalo, os rapazes haviam providenciado para este tipo de eventualidade. Os dois aparataram na sala. Rapidamente os amigos de Tritão chegaram no ambiente. Avalon explicou rapidamente o que ocorrera.
- E agora, vamos ter uma conversa com meu amado pai.
Avalon jogou o pó de flú na lareira improvisada e meteu a cabeça nas chamas verdes. Do outro lado seu pai encontrava-se pensativo em sua mesa no Ministério da Magia Espanhol. Os amigos não puderam ouvir a discussão que durou muito tempo.
Quando finalmente saiu da lareira, Avalon tentava transmitir uma calmaria que não existia.
- Fortescue, você vai voltar para a Espanha, imediatamente. E não quero ninguém me seguindo mais. – Avalon disse para o bruxo que estava imobilizado no sofá. Avalon sacou a varinha e alterou a memória do guarda. – Ele não vai mais se lembrar do nosso roteiro e poderemos seguir viagem pela manhã.
Assim foi feito. Na manhã seguinte todas as malas estavam prontas e os garotos partiram. Iriam para o México, que era o país mais próximo, onde estudariam as famosas caveiras. Avalon estava frustrado, não conseguia entender como o pai poderia insistir em mandar-lhe guardas, mesmo quando sabia que o garoto não precisava mais. Aliás, enquanto atravessavam a fronteira, voando, o rapaz se questionou se algum dia realmente precisara de capangas.

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