Califórnia
Os bruxos na
Califórnia eram menos tradicionais, o que obrigara Avalon e Leonard a trocarem
quase todas as roupas que haviam trazido. Gabe Leon adaptara-se facilmente ao
estilo de vida dos nativos da América. Pretendia fazer algum tipo de
intercambio no ministério local durante seu treinamento para auror.
- Vocês vão
ficar em casa, mesmo? – Avalon perguntou impaciente enquanto vestia uma camisa
de uma banda trouxa que aprendera a gostar durante as semanas que passara na
América.
- Sem chance,
Tritão. – Respondeu Leonard, que estava ocupado escrevendo uma carta para casa.
– Estou exausto. Nunca imaginei que uísque de fogo pudesse ser tão traumático.
- Eu também
passo. Vá você. – Gritou Gabe, da cozinha.
- Vocês não
agüentam nada. Vou mesmo.
E foi. O
garoto estava gostando da liberdade de poder ir para onde quisesse.
Aproveitaria ao máximo. Esta noite parou em um pub próximo a praia em Santa Bárbara. O
lugar era freqüentado por trouxas e bruxos. Atraídos pelo Punk Rock. A música
era um tipo de magia que não dependia do talento com a varinha e Avalon
apreciava esta habilidade, independente se fosse vinda de um bruxo ou não.
Avalon provou
diversas bebidas servidas no local. Dizia a si mesmo que estava viajando para
experimentar as coisas da vida. Assim fingia que estava tudo certo. Não se
aproximara de nenhuma garota esta noite. Não estava afim. Mas bebeu demais. Já
era madrugada alta quando ele saiu do local.
A rua estava
deserta quando ele colocou os pés para fora. Ainda estava anestesiado pelo
álcool correndo em seu corpo. Não estava com frio, os lábios estavam dormentes
e a visão um pouco turva. Tentou vestir a jaqueta, primeiro um braço, com
dificuldade, passou pela manga. O braço seguinte resistia bravamente aos
esforços do rapaz.
Ao longe um
outro rapaz se aproximava, não era possível identifica-lo. Apenas uma camiseta
branca. Avalon não deu atenção ao homem que se aproximava. Ele parecia emanar certa
aura, como se uma luz tremeluzente o rodeasse.
Quando o homem
se aproximou, Avalon cambaleou um pouco e tentou disfarçar sua briga com a
jaqueta. O homem notou e foi segurar a manga para Avalon colocar o braço. O rapaz
tinha feições orientais, exceto pelo queixo rígido.
- Ah,
obrigado.
- Não por
isso. – O homem divertia-se com o estado de Avalon. – Os bares por aqui te
enfiam bebidas enquanto você puder pagar por elas. Mesmo que depois você não
consiga vestir uma jaqueta.
- Verdade, mas
vou ficar bem. Obrigado.
- Precisa de
ajuda para chegar em casa?
- Não, deixe
que eu me viro daqui. Até.
- Certo, tome
cuidado. Adeus.
O homem foi-se
embora e Avalon tentou encontrar o caminho de casa. A medida que caminhava sua
face começava a se sensibilizar com o frio, era um pouco de sobriedade
chegando. Chegou junto à sensação de que estava sendo seguido. Olhava para trás
em intervalos regulares. Não via ninguém. Não ouvia passos.
- Homenum Revelio! – Disse sacando a
varinha em um movimento muito rápido. Mesmo pra um bêbado.
Imediatamente
um homem apareceu na sombra e por uma fração de segundo se assustou com a
descoberta de Avalon. Ele desaparataria em seguida, mas Avalon foi mais rápido
que seu reflexo.
- Não vai,
não. – e com um movimento breve da varinha imobilizou o estranho.
Avalon
aproximou-se lentamente do homem tentando reconhece-lo. – Quem é você?
- Fortescue. –
O homem disse ofegante. - Sou agente do seu pai.
- Meu pai? Ele
ainda manda vocês me seguirem? – Avalon sentiu-se como uma criança.
- Sim, senhor.
– Respondeu o agente sem tentar se livrar do feitiço que o prendia - Ele disse
que as ordens não mudaram só por você ter atingido a maioridade.
- Vamos
resolver isso agora mesmo. – Avalon disse segurando o braço do homem. – Você
vem comigo.
Um estalo
acompanhou uma breve distorção do ar e os dois desaparataram.
O hotel não
ouviria o estalo, os rapazes haviam providenciado para este tipo de
eventualidade. Os dois aparataram na sala. Rapidamente os amigos de Tritão
chegaram no ambiente. Avalon explicou rapidamente o que ocorrera.
- E agora,
vamos ter uma conversa com meu amado pai.
Avalon jogou o
pó de flú na lareira improvisada e meteu a cabeça nas chamas verdes. Do outro
lado seu pai encontrava-se pensativo em sua mesa no Ministério da Magia Espanhol.
Os amigos não puderam ouvir a discussão que durou muito tempo.
Quando
finalmente saiu da lareira, Avalon tentava transmitir uma calmaria que não
existia.
- Fortescue,
você vai voltar para a Espanha, imediatamente. E não quero ninguém me seguindo
mais. – Avalon disse para o bruxo que estava imobilizado no sofá. Avalon sacou
a varinha e alterou a memória do guarda. – Ele não vai mais se lembrar do nosso
roteiro e poderemos seguir viagem pela manhã.
Assim foi
feito. Na manhã seguinte todas as malas estavam prontas e os garotos partiram.
Iriam para o México, que era o país mais próximo, onde estudariam as famosas
caveiras. Avalon estava frustrado, não conseguia entender como o pai poderia
insistir em mandar-lhe guardas, mesmo quando sabia que o garoto não precisava
mais. Aliás, enquanto atravessavam a fronteira, voando, o rapaz se questionou
se algum dia realmente precisara de capangas.
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