domingo, 24 de outubro de 2010

                                          Três



Alices e Francos pelo ar


Mesmo no estado de ditadura bruxa em que se encontrava o Brasil, as notícias ainda são difíceis de manter em segredo. Um ou outro bruxo chegava com as boas novas, mas as famílias ainda se negavam a acreditar, já que a onda de medo no país, segundo eles acreditavam, era causada por Voldemort. Crianças continuavam desaparecendo, e o jornal local era obviamente manipulado. A imprensa mesmo tendo liberdade, conseguia tirar lucros divulgando falsas informações.

A Sra. Hastur estava ouvindo o rádio pela manhã, quando a mesma começou a receber uma espécie de interferência elétrica, que obviamente não era nada relacionado à eletricidade.

"Entra no ar, pela primeira vez os dois primeiros pares de Alices e Francos"
Foi o que disse uma voz masculina meio grave, quando o rádio sintonizou a rádio e emitia um som mais puro que o anterior.
"Exatamente, meus queridos" começou uma voz feminina, que não era de radialista, a voz parecia de alguém que estava realmente nervoso."Não podemos nos identificar para segurança de nossas famílias, e por isso usaremos os nomes Franco e Alice." Começou a explicar.
"Porque Alices e Francos?" interrompeu uma segunda voz masculina, era mais enérgica e jovial que a primeira. "Porque todos precisamos de um pouco de loucura nesse momento em que se encontra esse país.Não queremos de forma alguma ofender os queridos Longbottom, que foram amigos de alguns de nós."
"Não, de forma alguma, Franco" Interveio a mulher que não se manifestara até então. "A intenção é a melhor."

A Sra Hastur interessou-se pelo assunto da rádio pirata. Eles contaram, a custo da tortura a qual foram submetidos, as boas novas de que o Lorde Das Trevas havia sido derrotado a quase um ano, e que era hora de acordar e voltar a viver. Disseram que chegava de ser oprimido. Batidinhas com a varinha nos rádios eram cada vez mais frequentes, já que eles não tinham uma hora fixa para aparecer.

Algumas pessoas optaram por não acreditar, por terem parentes que eram reféns, por terem filhos na Juventude, e por não ligar os fatos a Linux. Os dias se passaram e muitos Francos e Alices continuavam a surgir pelo ar, os primeiros aparentemente foram capturados, ou saíram de circulação após uma perseguição. Não se falava muito neles agora.

Mas o medo que os bruxos sentiam não era em vão, as pessoas continuavam sumindo, e não eram só os mestiços, ou os nascidos trouxas. Sumiu muita gente querida de sangue puro ou não.

As preocupações na casa eram com a idade de Avalon, já estava para completar 10 anos, a Juventude tentaria achá-lo. Os vizinhos mais próximos tinham um filho de Onze anos, que foi levado, para ser educado pela Juventude. Costumava visitar a casa com frequência, antes da captura, sendo assim, depois de pegar o Fiel do Segredo, o garoto revelaria sob tortura ou não o segredo do endereço.

Foi durante as chuvas de primavera que uma lata de óleo, enferrujada, brilhou intensamente em uma rua de pedras, deserta. Antes que o brilho pudesse sumir o 'crack' de um vulto desaparecendo foi coberto por um trovão. O rapaz era um jovem auror que conhecia o segredo da casa dos Hastur, sua capa esvoaçava com o vento enquanto ele caminhava rapidamente para o interior dos portões.
Buena noite señora O homem de cabelos pretos, com um corte militar, cumprimentou em um sotaque espanhol muito forte a mulher que abrira a porta sem demoras  nos otros partiremos assim que estiberem prontos. disse dando um largo sorriso tentando disfarçar seu péssimo português.
Certo  Ela pareceu nervosa  Prepare a Chave de Portal, Avalon já está pronto.
Nesse momento o soldado notou que a mulher ainda trajava um bonito Robe Verde Esmeralda, em lugar de uma capa de viagem, certamente não pretendia ir a lugar algum.
A chave partirá em 30 minutos Disse em inglês dando as costas indo para os fundos da casa para procurar algo para usar como chave.

Não houve muita cerimônia durante a despedida, o menino acompanhou o homem do Ministério, já sabia como funcionava a chave de portal. Segurou o jarro de barro, sem alças, que o bruxo o indicara. Não demorou muito até que Avalon estivesse em Blackpool na Inglaterra.

Sua mãe havia ficado para trás, dissera que estaria com ele em breve. Ele ficaria na casa até que seu pai chegasse tendo a companhia de dois elfos domésticos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

                                          Dois



Chuva de Corujas

          Choviam corujas mortas, no outro dia. As praias estavam cobertas de penas. O noticiário Trouxa notificava um alerta de uma possível praga infectando as aves. O jornal bruxo não noticiava nada do gênero. O Agente Do Medo, agira rapidamente ocultando informações e expedindo ordens para proibir a entrada de qualquer coruja em território nacional.Isso daria tempo para montar um esquema maior. Sues planos eram incríveis, a longo prazo, não tinha como dar errado. A não ser pelo fato de ter gente pretendendo estragar tudo, mesmo sem saber o que estava realmente causando.


Avalon era um garoto comum: cabelos loiros sem corte desciam-lhe pela cabeça, seus olhos eram de um bonito tom de cinza. Não era muito alto, mesmo pra sua idade, passava o dia inteiro imitando jogadores de quadribol, mesmo sem uma vassoura. Não torcia pelos times locais, seu tio insistia para que ele torcesse por algum destes times, ele simpatizava com um que trajava vestes de jogos de verão, as capas tradicionais eram sem mangas, e de um tom azul turquesa, tinham as costuras em um bordado branco, bem como os botões, e cinco estrelas prateadas que brilhavam no peito. O menino ainda nem sabia o nome dos times nacionais, nem mesmo desse que era o único a quem dava atenção.
Somente o Vespas tem lugar em meu peito, titio. Ia dizendo o garoto estufando o peito em um tom pomposo que arrancou boas risadas do tio.
O Vespas não é ruim garoto, mas os nossos times...Retrucou o tio começando a ladainha de sempre.
Bzzzzzzz foi o que o interrompeu zzzzzzzzz...
O menino começou a imitar o som de vespas, era um zumbido irritante, e ia aumentando, aumentando, até o garoto começar a ficar vermelho.
Certo então Disse o tio encerrando o assunto um dia você aprende.
A conversa havia terminado, o menino foi brincar no quintal, enquanto seu tio seguiu para a sala de jantar, onde a Sra Hastur se encontrava olhando um álbum antigo com fotografias que sorriam, e por vezes saiam da moldura.
A casa dos Hastur era um deleite para os olhos de qualquer bruxo, muito organizada, bem arejada, havia uma lareira quase nunca utilizada, e por isso, muito limpa e conservada. Antes da escadaria que dava acesso aos andares superiores podiam-se ver diversas portas e janelinhas, dessas enfeitiçadas para parecer menor do que realmente são. Dava muito mais comodidade, do tamanho de uma casa normal, por fora.
Poucas das fotografias que a mulher de cabelos negros olhava reproduziam o lugar em que se encontrava, seu olhar castanho era de muita saudade. Seu coração andava apertado desde sua vinda para o Brasil, pouco conheceu no país, não tinha vontade de ficar ali, e agora com essa história de juventude tudo se tornara mais difícil.
Minha irmã Disse o homem de bochechas rosadas com um cavanhaque bem aparado quando pousou sua mão no ombro da mulher, apertando docemente com seus longos dedos.Vai passar, você sabe. Em breve vamos partir de volta a Inglaterra.
Não é isso o que me preocupa  Respondeu a mulher, e quando ela virou-se uma lágrima rolava até o seu queixo. e se Avalon for pego antes pela Juventude?
Eu não deixaria foi tudo o que o homem respondeu.
Ela apenas suspirou, seu rosto afundou-se então no peito do irmão, ela não chorou mais, não havia o que fazer além de esperar um sinal de John.